Abertura de empresas cresce em 2019 no interior de SP e Sul de MG; conheça histórias de sucesso
Na contramão da geração de empregos formais, a abertura de empresas cresceu nas regiões de Campinas (SP), Ribeirão Preto (SP), São Carlos (SP), Piracicaba (SP) e Varginha (MG) entre janeiro e outubro desse ano, em comparação com o mesmo período do ano passado.
O G1, em parceria com a EPTV, afiliada da TV Globo, publica esta semana a série “Futuro Patrão”, com reportagens sobre empreendedorismo.
- Quiz: você tem perfil empreendedor? Faça o teste e descubra!
- Quiz: veja 6 mitos e verdades sobre se tornar empreendedor
Dados da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) apontam que foram abertas 5.241 empresas em Campinas – aumento de 25%. Em Ribeirão e Piracicaba, o crescimento chegou a 21%: 4.631 e 1.576 negócios foram registrados nesses municípios, respectivamente.
Já em São Carlos, o número de novos empreendimentos passou de 877 para 1.033 – alta de 17%. Por fim, Varginha registrou avanço de 10% no número de empresas abertas, de 375 para 412, segundo levantamento da Junta Comercial de Minas Gerais (Jucemg).
Os números refletem uma realidade já demonstrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE): a recuperação econômica vem sendo puxada pelo aumento de pessoas trabalhando por contra própria, enquanto a retomada do emprego formal segue lenta.
Aliás, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia comprova a queda na geração de empregos com carteira assinada em Campinas, Ribeirão e São Carlos, no comparativo entre janeiro e setembro desse ano e o mesmo período de 2018.
Microempreendedores
A Jucesp também sinaliza que as microempresas (MEs) são a maioria dos empreendimentos abertos em 2019 em Campinas, Ribeirão, São Carlos e Piracicaba. Em média, os microempresários – que não são microempreendedores individuais (MEIs) – somam 75% do total de registros na Junta Comercial.
A principal diferença entre MEIs e MEs é o faturamento. Enquanto a primeira pode ter receita anual de R$ 81 mil, com tolerância de 20%, totalizando R$ 97 mil, a segunda pode faturar até R$ 360 mil por ano – acima desse valor é enquadrada como Empresa de Pequeno Porte (EPP).
Os dados do Caged também apontam que de cada 10 empregos gerados no país em setembro, sete foram em micro e pequenas empresas. No acumulado do ano, os pequenos negócios geraram 670 mil vagas de trabalho – 10% a mais que no mesmo período de 2018.
Abaixo, o G1 conta um pouco da história de três empreendedores de sucesso em Ribeirão Preto. Dois microempresários e um empresário relatam como se lançaram no mercado, como administram os negócios, enfrentam os desafios diários e quais são os projetos futuros.
Black Barts
Empreendedor desde que se entende por gente, o empresário – e engenheiro mecânico por formação – Fernando Sichieri já investiu em um lava-rápido, quando morava em São Paulo (SP), e também em uma choperia, que se tornou point na década de 1990 em Pontal (SP).
Entretanto, foi na busca por uma solução para si próprio – manter uma barba “de respeito” – que Fernando se realizou como empresário. Há dois anos, com ajuda da mulher, do filho e de um sócio, barbeiro profissional, ele lançou a Black Barts no mercado.
Inicialmente, Fernando dividia o tempo entre o emprego formal em uma multinacional e a idealização dos cosméticos masculinos. Quando o negócio passou a ser autossustentável, ele abandonou a carreira de engenheiro para se dedicar exclusivamente à empresa.
Atualmente, a Black Barts tem uma linha com 10 produtos, entre eles xampu, condicionador e óleo para barba, loção pós-barba, pomada modeladora e pomada em pó, que estão presentes em 120 barbearias do estado de São Paulo e também à venda pela internet.
Arte Caseira
Bastaram os colegas de trabalho experimentar o pão caseiro, para que a então auxiliar de produção Rosângela Ferreira Mendes se tornasse conhecida pelas habilidades na cozinha. A receita se tornou negócio, que começou modesto e informal na própria empresa.
O sucesso nas vendas fez Rosângela apostar em outro ponto: uma mesa na calçada de casa, no bairro Ipiranga, em Ribeirão Preto. A mãe e a filha, de 7 anos, eram as vendedoras. Um ano depois, Rosângela já lucrava com os pães o mesmo valor que recebia de salário.
A partir daí, a auxiliar de produção passou a se dedicar exclusivamente à cozinha. A mesa na calçada foi substituída por um balcão no quintal. Da porta mesmo, os clientes disputavam não apenas os pães, mas também bolos, tortas e outros doces preparados por Rosângela.
Atualmente, 10 anos depois da primeira fornada de pães, a auxiliar que estudou até à oitava série do ensino fundamental diz que se considera uma empreendedora realizada. A padaria tornou-se referência de qualidade e bom atendimento na zona Norte de Ribeirão.
Weird Barrel
O designer Rafael Moschetta era só mais um entre milhares – ou milhões – de brasileiros apaixonados por cerveja, até que decidiu se arriscar em receitas caseiras e, pouco tempo depois, se tornou um sommellier certificado pela “Doemens Academy”, na Alemanha.
Esse curso era apenas o primeiro passo do jovem, que deixou a direção de uma agência de criação de marcas na capital paulista para se aventurar no setor cervejeiro. De colunista e consultor, Rafael se tornou gerente de marketing da Cervejaria Colorado, de Ribeirão Preto.
Foi ali que o empresário conheceu um dos – quatro – atuais sócios no brewpub Weird Barrel, um sonho de ambos e uma experiência surpreendente para os clientes. Mas, o “bar dos piratas”, como é carinhosamente conhecido, é só um dos empreendimentos de Rafael.
O empresário também sócio-proprietário da Academia de Ideias Cervejeiras, que promove cursos e eventos no segmento, e está à frente do festival “IPA Day Brasil”, referência no setor cervejeiro e que em 2019 completou a oitava edição.00:00/04:11